segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Confissões

Confissões






Ninguém pode delimitar a capacidade de alguém, se o fizer é mais ignorante do que pensa.
Sabe, ao chegar na escola onde trabalho fui informada de como as coisas funcionam e fiquei a par de quem eram meus alunos. Segundo informações, pessoas que jamais sairão do mesmo lugar.
Ah! Fiquei triste, não suportei a ideia de trabalhar com pessoas reduzidas a nada. E eles são tudo e muito mais, bem mais que as informações.
Desde o primeiro contato com eles, vi pessoas cansadas e com sonhos. Porém, envergonhadas. Pensando não ter direito de sonhar.



É verdade que muitos alunos vão a escola passear, conhecer os novos professores e colegas. Enfim, cada qual com seu motivo. E no geral, pessoas capazes. Muito capazes, mas resolveram acreditar na falta de possibilidades devido as inúmeras dificuldades. Quem disse que  para conseguir realizar um sonho não precisa lutar?
Lutar pelas certezas e viver muitas incertezas. É preciso tentar! Ser ousado (a) e fingir não sentir medo.
Comprei uma briga por eles, mostrei que estou lá para ajuda-los a encontrar  uma direção. Seja ela qual for. Só precisam acreditar no potencial guardado, sufocado. Pois, devido aos caminhos errantes da vida deixaram a sala de aula por algum tempo e ao voltar começam o ano letivo, depois desistem.
Num ciclo vicioso que somente favorecem aos governos. Eles, sem saber, perpetuam as falhas do sistema educacional e ainda encontram pessoas que dizem que não são nada nem nunca vão ser, silenciosamente. Porque se favorecem das falhas citadas. Afinal, um sistema é formado e dirigido por pessoas.
Minha aluna mais velha está próxima dos cinquenta, é uma excelente artesã.
Tenho uma aluna de quase trinta com talento para poesia.
Outra de vinte e sete também com muito jeito para arte: desenho e decoração de ambientes.
Outra de vinte e quatro, teve de viajar para encontrar o marido. Muito capaz, atenciosa, perspicaz. Poderá ser tudo aquilo que se propor fazer.
Quanto aos rapazes, o mais velho tem a mesma idade que eu (36), poderá ser tudo que se dedicar. Pega tudo com facilidade ( só precisa ser mais atento), canta muito bem e adora desenhar.

Os demais são igualmente capaz, mas ainda não têm muita noção de tudo que pode fazer, de quão alto poderão voar, nas suas respectivas direções.
Meu objetivo não é medir conhecimentos e habilidades. Nem delimitar capacidades. Tudo que desejo e tenho lutado para conseguir, é que eles se vejam por dentro e por fora e quando chegar a hora vão abrir suas asas e voar. Ninguém mais poderá impedir. Porque não vão mais deixar.




Professora Val

PS: imagens de celular dos alunos

2 comentários:

  1. Boa noite, Vall
    Deixe-me começar por agradecer as suas palavras tão gentis no meu blog.
    Obrigada.

    Tenho uma filha professora; e uma irmã, e uma cunhada, e uma prima, e várias sobrinhas... e muito(a)s amigo(a)s!!! Talvez por isso considero a profissão como um verdadeiro apostolado, uma missão que, felizmente muitos (a maioria) cumprem com o Amor e desvelo que você revela neste seu óptimo texto.
    Obrigada pela partilha.

    Um grande beijinho

    Mariazita
    (Link para o meu blog principal)

    PS - Vou agora conhecer o seu outro blog.

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  2. Olá Mariazita, ser professor é mesmo um apostolado. Faço isso com dedicação e respeito aos meus semelhantes.
    Amo ir ao seu blog, lá sinto aconchego na sua doce maneira de contar histórias.
    Beijos minha querida, te espero sempre!

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